Esta é uma tradução da página original em Inglês.

Por que chamá-lo de Swindle?

Eu sigo meu caminho para chamar coisas desagradáveis por nomes que as criticam. Eu chamo os computadores de subjugação de usuários da Apple de “iThings” e o e-reader abusivo da Amazon, o “Swindle”. Às vezes, refiro-me ao sistema operacional da Microsoft como “Losedows”. Eu me referi ao primeiro sistema operacional da Microsoft como “MS-Dog”[1]. Claro, eu faço isso para desabafar meus sentimentos e me divertir. Mas essa diversão é mais do que pessoal; serve a um propósito importante. Zombar de nossos inimigos recruta o poder do humor em nossa causa.

Distorcer um nome é desrespeitoso. Se respeitássemos os fabricantes desses produtos, usaríamos os nomes que eles escolhessem… e esse é exatamente o ponto. Esses produtos nocivos merecem nosso desprezo, não nosso respeito. Cada programa privativo submete seus usuários ao poder de algumas entidades, mas hoje em dia os mais utilizados vão além para espionar os usuários, restringi-los e até mesmo empurrá-los: a tendência é que os produtos fiquem cada vez mais desagradáveis. Esses produtos merecem ser eliminados. Produtos com DRM devem ser ilegais.

Quando os mencionamos, devemos mostrar que os condenamos, e que maneira mais fácil do que distorcer seus nomes? Se não fizermos isso, é muito fácil mencioná-los e deixar de apresentar a condenação. Quando o produto surge no meio de algum outro tópico, por exemplo, explicar com mais detalhes que o produto é ruim pode parecer uma longa digressão.

Mencionar esses produtos pelo nome e não condená-los tem o efeito de legitimá-los, o que é o oposto do que eles exigem.

As empresas escolhem nomes de produtos como parte de um plano de marketing. Escolhem nomes que elas acham que as pessoas provavelmente repetirão e investem milhões de dólares em campanhas de marketing para fazer com que as pessoas repitam e pensem nesses nomes. Normalmente, essas campanhas de marketing visam convencer as pessoas a admirar os produtos com base em suas atrações superficiais e ignorar o dano que causam.

Toda vez que chamamos esses produtos pelos nomes que as empresas usam, contribuímos com suas campanhas de marketing. Repetir esses nomes é o apoio ativo aos produtos; distorcê-los nega aos produtos o nosso apoio.

Outra terminologia além dos nomes de produtos pode levantar um problema semelhante. Por exemplo, o DRM refere-se à criação de produtos de tecnologia para restringir seus usuários em benefício de outra pessoa. Esta prática indesculpável merece o nosso ódio ardente até acabarmos com isso. Naturalmente, os responsáveis deram a ela um nome que enquadra a questão do ponto de vista deles: “Gerenciamento de Direitos Digitais”. Esse nome é a base de uma campanha de relações públicas que visa obter apoio de entidades que vão desde governos até o W3C.[2]

Usar seu termo é ir para o lado deles. Se esse não é o seu lado, por que dar o seu apoio implícito?

Nós tomamos o lado dos usuários e, do ponto de vista dos usuários, o que esses malfeitos gerenciam não são direitos, mas restrições. Então nós os chamamos de “Gestão Digital de Restrições” (Digital Restrictions Management, em inglês).

Nenhum desses termos é neutro: escolha um termo e escolha um lado. Por favor, escolha o lado dos usuários e, por favor, mostre.

Certa vez, um homem na plateia disse que “Gestão de Direitos Digitais” era o nome oficial de “DRM”, o único nome correto possível, porque era o primeiro nome. Ele argumentou que, como consequência, era errado para nós dizer “Gestão Digital de Restrições”.

Aqueles que fazem um produto ou realizam uma prática de negócios normalmente escolhem um nome para ele antes mesmo de sabermos que ele existe. Se sua precedência temporal nos obrigasse a usar seu nome, eles teriam uma vantagem automática adicional, além de seu dinheiro, sua influência na mídia e sua posição tecnológica. Teríamos que combatê-los com nossas bocas amarradas nas costas.

Algumas pessoas sentem um desgosto por distorcer nomes e dizem que soa “juvenil” ou “não profissional”. O que eles querem dizer é que não soa sem humor e enfadonho – e isso é uma coisa boa, porque nós não riríamos do nosso lado se tentássemos parecer “profissionais”. Lutar contra a opressão é muito mais sério que o trabalho profissional, então temos que adicionar um alívio cômico. Ela exige uma verdadeira maturidade, que inclui alguma infantilidade, e não “agir como um adulto”.

Se você não gosta da nossa escolha de paródias de nomes, você pode inventar as suas próprias. Quanto mais melhor. Claro, existem outras maneiras de expressar condenação. Se você quiser soar “profissional”, você pode mostrar isso de outras formas. Eles podem mostrar o ponto, mas exigem mais tempo e esforço, especialmente se você não fizer uso de zombaria. Tome cuidado para que isso não o leve a poupar; não deixe que a pressão contra tal “digressão” empurre-o para criticar insuficientemente as coisas desagradáveis que menciona, porque isso teria o efeito de legitimá-las.

Notas de rodapé

  1. Entre em ação contra esses produtos: u.fsf.org/ithings, u.fsf.org/swindle, u.fsf.org/ebookslist, upgradefromwindows.org
  2. u.fsf.org/drm
Nota do tradutor:

Swindle é uma palavra em inglês que significa furtar dinheiro ou outro item, e também obter mediante fraude ou enganação.